quarta-feira, março 31, 2010

(Assim como sombras perdidas - P.M)


Assim como sombras perdidas
Vagando sozinhas na escuridão.
Segue ausente, em partida
Maneira penosa de minha emoção.

Refém de vagos desejos,
Consumindo me em metades
É toda a ausência sentida
Carente de fé, paz ou idade.

Mas em triste motivo, que molda
Meu pequeno universo
Me ilumina a regência assumida
Dentro do peito,
Destes pequenos versos.

terça-feira, março 30, 2010

(Nem o céu ou mesmo o mar - P.M)



Nem o céu ou mesmo o mar
Podem iludir esta tristeza.
Pois ela me têm só de olhar
Cousa qualquer na natureza.

Hoje me surpreende, nada ser.
Visto a liberdade das ausências.
Pairo convicto, longe, enfim
Dos motivos tolos da aparência.

Tudo o que é, não mais se torna.
Nem a felicidade, medida ou fim.
Somente me acomoda agora
Tudo o que não restou de mim.

segunda-feira, março 29, 2010

(Esboço - P.M)


Escorre lágrima de alma
Abrigando todo o silêncio agudo.
Doa-me um pouco desta calma
Mesmo que em estado profundo.

Brinda os meus gestos secos
Banhando me assim em vazão.
Mesmo que de mortais restos
Das vidas que não me terão.

Pois nem o tudo ou o nada
Coisa alguma justifica.
Apenas a ausência amada.
Somente a memória que fica.

domingo, março 28, 2010

(Inócuas Garantias - P.M)



Eles querem divulgar
Todo o cansaço do ser
Transformando esquinas fartas
Em proposta tangível
Para o vazio que resta.

Nem a melancolia
Nem as correntes
São escolhas sensatas
Numa era como esta.

Nem a conquista barata
Se faz de boa proporção
Para a medida desfocada
Da realidade sem princípios.

Para os espiões do cotidiano,
De nada vale o bem.
De nada vale o bom.

Crescem do medo qualificado
Alimentando a corrente previsível
Do caos manipulado
Garantido em contramão.

quinta-feira, março 04, 2010

(Regência - P.M)



Grandiosa por ser o que é
Segue, simples, a obra da vida
Mas sem ser causa ou novidade
Ilusão ou contrapartida.

Vivo, na simples presença colhida,
É tudo aquilo que existe.
Por nao ter consciência ou saída.
Presença feliz ou triste.

É a nascente de um despertar
Sem a lembrança de um motivo.
Delírio mais raro a conjugar
Inexistente razão de sentidos.

Assim como as nuvens do céu.
Refletidas em todo esquecimento
É a realidade desaparecida
Na presença deste momento.

segunda-feira, março 01, 2010

(Imprecisão - P.M)


A idéia perdida
Se faz de partida
Na liberdade da dúvida

Incomoda a razão
Exercita o apelo
Nas fugas do ser

A condição imposta
Se faz de proposta
Em dilema eloquente

Prioriza a vazão
Ilumina o sentido
Do espaço regente.

(De Tudo o que Possa Ser - P.M)



De todas as formas
Guarde as do coração
De todas as forças
As que criam raízes

Dos destinos desse mundo
Os mais passíveis de pureza
De todas as lembranças
As que nascem da beleza

Dos significados
Os que vem da simplicidade
Das poucas certezas
As que não fazem a alma pequena

De todos os caminhos
Os mais verdadeiros
Dos pequenos passos
Aqueles que nos fazem inteiros

De toda pretensão
Aquelas que vem dos sonhos
De tanta emoção
Aquelas que os criam

De toda a realidades
As que nascem da alma
De toda a sabedoria
As advindas do silêncio

De toda pessoalidade
As oriundas da solidariedade
De toda a vida
O que nos faz mais vivos

Do que a vida possa parecer.