sexta-feira, maio 31, 2013

(Ecos do além - Pedro Melo)


Acendam-se as velas!
assim que despertou ao acaso
contraiu os arrepios...
se jogou de volta ao buraco
se perdeu nos vácuos do caminho!
sufocando o prisma: quedou a cabeça...
vendo de perto o enigma
estes são sentidos diluídos em saliva
diria ela: estes são os ecos da verdade...

afastando o amanhecer
somente as mãos foram as vítimas descobertas
quebrando os enfeites acima das peças
penduradas como lágrimas centenárias
na percepção torturada pela morte diária

tudo em vão, todos os passos e o falso sermão
lá fora os sons quebram os sinais
e os cortes agudos atravessam o caos
na dispersão ferida por sentidos banais!

se pelo menos você soubesse
andar por entre os caminhos
empesteando o ar sem odor de vinho

sobre os impulsos emprestados da queda
não se pede e nem se quer nada em troca;
por essa corrente fria que engasga o coração
não se permite a abertura das portas
desaparecendo com os vestígios da versão

tudo vai se diluindo no reflexo dos espaços
imaginaçao amputada pela corrossão dos passos
mais uma vez e de uma vez por todas
enterrem pra sempre as cicatrizes!
falsas miragens da incógnita dor,
semblantes sujos do amor e suas raízes...

sem memória, sem tradição com o vínculo
tudo o que foi no tempo está perdido
esconderam-se os propósitos
sem a colheita certa dos impulsos

a velocidade corrompida da história
enterra agora a simplicidade da glória
não restou sequer a farsa de um arranhão;
a sobra é o mapa rasgado
na miragem afastada da intenção.

listening: http://www.youtube.com/watch?v=Yh0stkLanx4

terça-feira, maio 21, 2013

(Sinais do tempo - Pedro Melo)


Vou seguindo esta estrada,
deixando livres as horas sonhadas
sem escolhas ou vagas promessas
pactuadas nos intervalos da pressa...

pois esta vida é uma grande despedida
e se por um lado nos encontramos
entre abraços e palavras da vida,
noutro somos ilhas em busca de saída...

reflexos da distância destes mares
mergulhos de corpos estrelares
esperança de eterna partida...

e se por acaso...
forem apenas lágrimas do tempo,
te encontro em horas de pensamento
mais perto do que podemos ser...

pois o agora se vai depressa demais
entregue aos rastros de misteriosos sinais,
de almas que renascem ao se perder.

listening em movimento no por do sol do cerrado: http://www.youtube.com/watch?v=lAwYodrBr2Q