Poesias Favoritas:

(Invictus - William E. Henley)

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.


(Voz do Infinito - Augusto dos Anjos)

No excêntrico labor das minhas normas

Na Terra, muita vez me consumia

Perquirindo nas leis da Biologia

As expressões orgânicas das formas.



O fenômeno apenas, porque o fundo

Do númeno às eternas rutilâncias,

Eram partes do Todo nas Substâncias

Desde o estado prodrômico do mundo.



Com o espírito absconso em paroxismos,

No rubro incêndio de batalha acesa,

Via Deus adstrito à Natureza,

Deus era a lei de eternos transformismos.



Concepção panteística, englobando

As substâncias todas na Unidade,

Perpetuando-se em continuidade,

A essência onicriadora reformando.



O corpo, desde o embrião inicial,

Era um mero atavismo revivendo;

A alma era a molécula, sofrendo,

Afastada do Todo Universal;



Dominava-me todo o medo horrível,

Do meu viver, que eu via transtornado:

Eu era um átomo individuado

Em cerebralidade putrescível.


A luz dessa dourada ignorância,

E com certezas lógicas, numéricas,

Notava as pestilências cadavéricas

Iguais à carne Angélica da infância,


A sutilez do arminho que se veste,

A coroa aromática das flores,

Irmanadas aos pútridos fedores

De emanações pestíferas da peste!


Extravagância e excesso jamais visto,

De idéia que esteriliza e desensina,

Loucura que igualava Messalina

À pureza lirial da Mãe do Cristo.


Assim vivi na presunção que via,

Dos cumes da Ciência e do saber,

Os princípios genéricos do ser,


No pantanal da lama em que eu vivia.

Vi, porém, a matéria apodrecer,

E na individualidade indivisível


Ouvi a voz esplêndida e terrível

Da luz, na luz etérica a dizer:


II

“Louco, que emerges de apodrecimentos,

Alma pobre, esquelético fantasma

Que gastaste a energia do teu plasma

Em combates estéreis, famulentos...



Em teus dias inúteis, foste apenas

Um corvo ou sanguessuga de defuntos,

Vendo somente a cárie dos conjuntos,

Entre as sombras das lágrimas terrenas.



Vias os teus iguais, iguais aos odres

Onde se guarda o fragmento imundo,

De todo o esterco que apavora o mundo

E os tóxicos letais dos corpos podres.



E tanto viste os corpos e as matérias

No esterquilínio generalizados,

E os instintos hidrófobos, danados,

Em meio de excrescências e misérias,



Que corrompeste a íntima saúde

Da tua alma cegada de amargores,

Que na Terra não viu os esplendores

E as ignívomas luzes da virtude.



Olhos cegos às chamas da bondade

De Deus e à divinal misericórdia,

Que espalha o bem e as auras da concórdia

No coração de toda a Humanidade.



Descansa, agora, vibrião das ruínas,

Esquece o verme, as carnes, os estrumes,

Retempera-te em meio dos perfumes

Cantando a luz das amplidões divinas.”


Tradução de Going Inside - John Frusciante

http://www.youtube.com/watch?v=S4TtHE__hn0


Você não joga tua vida fora
Se voltando para dentro
Você tem que saber quem te observa
E quem próximo a você reside

No teu corpo
Onde você é lento
Onde você vai, não importa
Porque lá virá um tempo
Em que o tempo passará pela janela

E você aprenderá a sair de foco
Eu sou você e se nada se revela
Deveria

Você não perde seu tempo sentando quieto
Estou em uma corrente de memórias
É minha vontade

E eu tinha que consultar algumas figuras do meu passado
E eu sei que alguém além de mim
Vai voltar

Eu não estou contando sobre uma visão
Tive essa noite para perceber
Eu me desfiz dessa luta
Por ter feito coisas que não tinham nenhum por quê fazer.