terça-feira, junho 22, 2010

(Cacos da Ilusão - P.M)



Com os anos aprendemos...
Que não são as horas que passam
Somos nós que passamos,
No intervalo de silêncios curtos

O que ficam são molduras
Nas possibilidades dormentes
O gato descansando devagar,
A alma a rescitar o inconsciente

As folhas de caderno rabiscadas
Diante de tantas outras vazias,
Todas as formas sonhadas
Nas faces ocultas da simetria.

As conversas sem pretenção,
Em laços de amizade presente
Quando se aprende com a emoção
A verdade suficiente.

Os retratos amarelados
Na contradição de paredes frias,
Diante de estados que nascem
Entre a coincidência e a antinomia.

Ficam as almas em essência
Banhadas na brisa da madrugada,
Acordando o ser em reticências
Para um leve sopro de palavras.

(Ocos Propósitos - P.M)



A essência atropelada
Pelo cotidiano de aço,
A tudo assassina a todo instante...
No disfarces condicionados
Por cada nulo semblante.

Sem impessoalidade e
(Escrava Intenção)
De porra nenhuma interessa
O ego
Se desta forma só se pode viver
Com a opção venenosa
De ideais em promoção.

Quando a ambição das escolhas
Não vale para a vida
O que salva é viver
De tudo o que não se pode querer.

A liberdade é maior por si só,
Sem qualquer razão definida.
Para existir. Para coexistir.

Pois as razões não são verdadeiras
Se não nos acordarem,
Para a pura realidade
De corpos em decomposição...

Entre a inocência e a intenção,
Existe uma linha tênue
Um princípio vago
Um esquecimento presente
Que há de nos salvar
De alguns de nossa própria gente.

*** Feito com o intuito de participar do projeto palavra porrada.
*** http://palavraporrada.blogspot.com/

(Poesia Partida - P.M)

Hoje a fonte de alma secou.
Faltando me com a inspiração,
No fôlego da vida.
A poesia me deixou
Sem o mar em mim...
Nem sinal, nem saída.
E nem fim.
"A verdadeira moral não está na maneira como uma pessoa impõe o seu poder às outras, e sim na forma como ela demonstra a sua capacidade de liberdade independentemente deste poder"

quarta-feira, junho 09, 2010

(Essência em Ecos - P.M)


Pauso as horas em mim. Iludo os sentidos em tréguas internas. Sinto
o rasante de formas a regerem o alfabeto de imaginações presentes.
Guardo vôos para o que há de vir pela primeira vez. Silêncio através
de agudos poentes. Sentidos nascentes a pousarem em cantos de alma coração.
Enxergo minha calma como um rio de esperança a desaguar no esconderijo da paz.
Me liberto em cada naturalidade inventada, em cada gesto entretido perante
infinitos convertidos. Minha essência ecoa em brincadeiras de liberdade,
recolhendo-se na lembrança de sonhos naturais, em paisagens de quadros antigos
e paixões eternas. Hoje sou tempestade de chuvas finas. Sem ego, sem cortes nem sina. Abrigo-me no espaço de versos úmidos. Em presenças marcantes de almas distantes a reinventarem o nome das coisas. Me pego a admirar estas linhas
em branco a irradiarem a aquarela maior desta vida. A vida enquanto passagem. Enquanto paisagem. Enquanto cor, fascínio e poesia. E em cada rastro deixado por marés improvisadas, em cada margem que nesta existência se revela, a visão do horizonte expande a onipresença do meu barco a vela.
Ele nunca acreditou muito no tempo...
Mas o tempo sempre revelou grandes surpresas em seu acreditar.

sexta-feira, junho 04, 2010

(Internidade Eterna - P.M)



Esta alma que me acorda em devaneios
Me abrigando na distração entre mundos
É a mesma que sonha segredos
Na "internidade" de mistérios profundos
E em cada sonho que tenho
Jamais descubro se foi espelho de alma,
Ou se foi confusão dos sentidos
Seja como for, o que me resta sempre
É a inocência provada entre risos
E a espera a viver de esperanças
Diante da eternidade e seus motivos.