quarta-feira, setembro 29, 2010

(O Anjo caído - P.M)


Tentei salvar um anjo
Que se encontrava perdido
Nas linhas da minha mão.
Tentei evitar suas lágrimas,
Mas me faltou a compaixão.

Tentei entender o que me dizia,
Procurei pelas portas abertas
Mas no vazio das entrelinhas
Suas palavras me foram secretas

Busquei modelar a alma
Me entorpecer de algum jeito
Que revelasse a verdade
Ou sentimentos dentro do peito

Tentei decifrar os sentidos
Percorri estradas sem saída
Mas as palavras do anjo
Eram grandiosas demais
Para a razão desta vida

Encarei forças ocultas
Em cada enigma imaginado
E nem o sinal da sua partida
Despertou os motivos criados

E o anjo se afastou...
Num gesto lento e profundo,
E sussurrou no vento
A essência perdida deste mundo.

domingo, setembro 26, 2010

"Quando se guarda na essência,
A liberdade do que se sente...
Se sente sempre liberdade."
"Só posso acreditar na coerência que tenha uma parcela significativa de loucura."

terça-feira, setembro 21, 2010

(Corra para Longe - P.M)


Corra para bem longe
Deixe as horas para trás,
Concentre-se no que não se vê.
Todo o restante você tem demais.

Respire profundamente
Em cada resposta perdida,
E acrescente na sua alma
Apenas a verdade sentida.

Não desperdice a profundidade
Toda liberdade é maior,
Quando se aprende com a dor
Que a vida é feita de mudanças.

E ao fechar os olhos,
Descubra seus caminhos
No que lhe foi herdado
Em momentos de esperança.

Tente morrer enquanto vivo.
Assim descubrirá
Que o tempo tem mais horas
Do que lhe faz sentido.

sábado, setembro 18, 2010

(Coleção de miragens - P.M)


Era um senhor de idade...
Nascido com asas nos olhos,
E assim vivia da distração
Pois no observar ao redor...
Mal sabia se era verdade,
Ou se pura imaginação.

Em mantras de vestígios
Intermitente onipresença,
Plantava sem saber
Almas nos campos do olimpo.

E ao se encontrar na paisagem,
Não mais buscava,
A saída para o que se vê.
O seu todo era vivo.

Quando o sol dormia...
E a noite envelhecia,
As estrelas eram pousos
Nas avenidas da percepção.
Seria um sonho sem fim?
Ou uma verdade sem razão?

Suas mãos eram de fogo
De tanto contar...
Os rastros do infinito.
E o seu melhor acordo
Era brincar de detalhe,
No mundo de cada sentido.

Tinha visão maior ainda
Destas que mal se enxerga,
Quando o sentido das formas
Abria sua alma em dimensão,
E perfeição simplificada.

E quando desaparecia por completo,
Entendia em eterno segundo
Que a vida era mais viva
Quando a liberdade era criada.

quarta-feira, setembro 15, 2010

(Da instrospecção - P.M)


As instrospecções chegam caladas e nunca ficam por muito tempo. Deixam marcas, mas não mentem. Agem feito quebra cabeças de estados, recompondo sonhos, aconselhando fardos, acordando gente. Sorteiam maneiras de estar como mistérios íntimos. Pousam nos dias como nascentes, e nas madrugadas como natureza. São correntes da mais pura direção, banhando a alma e desaguando verdades, alimentando a essência e o renascer em novos dias de coragem. Se revelam e o tudo mudam dentro do nada, sem necessidade de esperança, verdades ou palavras. As introspecções chegam sem hora certa, em sinais de revoada e gestos pausados. Ensinam a simples ciência do que não se pode ver. Deixam cicatrizes de cura em marcas do que se foi derrepente. Por vezes a repousarem distâncias, por horas a divagarem presenças. Regam a essência terrena em sentidos de esferas que só a alma pode escrever, só a liberdade pode ler e só a verdade pode traduzir. São sopros de mudança em trilhas ocultas, onde o ser se refaz, a vida se encontra e a realidade é muda.

domingo, setembro 12, 2010

(Meias verdades - P.M)

De tantas meias verdades
Já nem me recordo bem
Da essência deste mundo.

Nem sei se os versos deixados
Refletiram de algum jeito
Sentimentos mais profundos.

Pois teu mais vivo passatempo
São jogos fáceis de azar,
Simples caos em desatino
Perfeito crime de estar.

E o destino tão cansado
Bem na hora da verdade
Abandonou simples sentidos
Entre fogo e vaidade...

Eu doei as minhas asas
E me esqueci pirando
Nos sinais da sua razão.

Eu inventei a nossa casa
Só pra me provocar
Em sua mais nobre condição

letra somente*

sábado, setembro 04, 2010

(Casos Perdidos - P.M)



É uma ironia esta vida
Uma perfeita contradição
Quando se encontra a saída
Se supera a condição

É uma loucura relativa
Essa razão sempre sincera
De passar a realidade
Entre mistura de esferas

É uma verdade tão instável
Toda a mudança consciente
De esperar o inevitável
Não mais que derrepente

Não esconde o jogo meu bem
Tua verdade me liberta
E se meu remédio não lhe convêm
Não deixe a porta aberta

A sua paz não condiz
Com cada hora omitida
Não se escravize entre pactos
Liberte-se de partidas

Pois o teu nexo é resolvido
Em não mais que bem querer
E se o suspense não faz sentido
Só depende de você.